O povo indígena Maxakali em Minas Gerais
Situados no nordeste de Minas Gerais, entre os vales do Mucuri e do Jequitinhonha, os Maxakali são habitualmente descritos pela literatura referente à etnia e pelos organismos governamentais ou não governamentais que atuam junto a eles a partir de uma dupla perspectiva: Por um lado, enfatiza-se a sua “resistência cultural” – a permanência da sua língua própria e o uso restrito do português apenas para as situações do contato interétnico; a intensa vida ritual e a recusa a se inserirem na lógica da produção capitalista – a despeito dos seus mais de duzentos anos de contato; e por outro, se lhes percebe como um “grupo problema”, devido ao alto grau de conflito e violência internos, ao alcoolismo e ás precárias condições alimentares e de saúde.
A pressão sobre os indígenas maxakali se intensificou a partir do século VIII com a interiorização do processo de conquista. Devido aos constantes conflitos entre indígena e não indígenas, em 1920, o governo de Minas Gerais cedeu 2000 hectares de terra para Postos Indígenas no Rio Umburanas. Em 1940 foi demarcada a área do Posto Indígena de Água Boa e em 1956 o Posto Indígena Pradinho. Mas entre essas terras existe um corredor de fazendas que dificulta o trânsito entre as mesmas e gera muitos conflitos com fazendeiros. (PIB.SOCIOAMBIENTAL, s.d.)
Por “preservar” sua língua e tradições “originais”, os Maxakali tendem a ser percebidos como símbolo de resistência indígena em Minas Gerais e região. Na verdade, embora suas características e sua atual inserção no contexto dos demais povos indígenas da região sejam de fato excepcionais, ao contrário de outros segmentos indígenas que passaram por intensos processos de subjugação à autoridade colonial a partir do início do século XIX, e cujos descendentes atuais são resultantes de processos de transferências e amalgamentos compulsórios de segmentos étnicos e linguísticos em geral originalmente muito diversos, como, tipicamente, seus vizinhos e “parentes” Pataxó atuais, os atuais Maxakali descendem de apenas dois bandos desta etnia originalmente contatados em áreas próximas à que ainda hoje se localizam. Atualmente os Maxakali vivem em quatro áreas, as aldeias de Água Boa, município de Santa Helena de Minas; Pradinho e Cachoeira, no município de Bertópolis; aldeia Verde, no município de Ladainha e no distrito de Topázio, no município de Teófilo Otoni.
Apesar de possuírem terra demarcada, os maxakalis mas têm sofrido graves problemas, a começar pela própria terra que está bastante degradada, não oferecendo os meios necessários à subsistência da população, que chega a passar fome. A água que tomam chega à aldeia suja e muitas vezes contaminada com doenças. Eles sofrem preconceito e há frequentes casos de violência e assassinatos. Além de já serem marginalizados economicamente, ainda são explorados financeiramente por comerciantes que se aproveita do fato de muitos não falarem bem português e terem baixa escolaridade, para enganá-los nas compras que fazem de mantimentos com cartões de bolsas do governo. Além disso, é frequente problemas com o alcoolismo, assim como o corre com indígenas de outra etnia também.
Desde o início de janeiro, 94 casos de diarreia aguda foram registrados em comunidades do povo Maxakali. Crianças de até cinco anos, das aldeias Pradinho e Água Boa, localizadas no município de Bertópolis, nordeste do Estado, foram internadas em hospitais da região. Quatro delas morreram. (ALDEIA UMUARAMA – CMACI, 2014)
Para manterem sua cultura, os indígenas maxakali optaram por um certo grau de isolamento, evitam casamentos mistos e dão prioridade para a fala de sua língua, sendo o maxakali a única língua falada para muitos da aldeia.
População: 2.076 (SIASI/SESAI – 2014)
Local: município de Bertópolis e Santa Helena de Minas
Reserva: Água Boa e Pradinho
Grupo linguístico: Maxakali
Nota: autodenominação – Tikmu’un e Kumanaxú
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