AS COMUNIDADES INDÍGENAS EM MINAS GERAIS
Breve Histórico sobre as Comunidades Indígenas de Minas Gerais
Ana Paula Ferreira de Lima *
No Estado de Minas Gerais há atualmente doze etnias indígenas espalhadas em dezessete territórios diferentes. As etnias são: Maxakali, Xakriabá, Krenak, Aranã, Mukuriñ, Pataxó, Pataxó hã-hã-hãe, Catu-Awá-Arachás, Caxixó, Puris, Xukuru-Kariri e Pankararu. As doze etnias que vivem atualmente no Estado de Minas Gerais são pertencentes ao tronco lingüístico Macro-Jê e contam aproximadamente com onze mil indivíduos.
As etnias Pataxó, Pataxó hã-hã-hãe, Xukuru-Kariri e Pankararu são oriundas de estados do nordeste. Originários de Pernambuco, os Pankararu se espalharam por vários estados brasileiros ao longo do século XX. Este êxodo se deu devido à construção da hidrelétrica de Itaparica no Rio São Francisco, à seca, aos conflitos oriundos da luta pela terra e a inúmeras outras agressões. O grupo familiar de ‘Seu’ Eugênio Cardoso da Silva e Benvinda Vieira migrou desta região em busca de melhores condições de vida para seus filhos, tendo durante quase 30 anos convivido com outros povos, como: Krahô, Xerente, Karajá e os Pataxó de Minas Gerais.
O povo indígena Catú-awa-arachás encontra-se em Araxá, Minas Gerais, devidamente organizado na Associação Andaiá. Os Puris estão se organizando no município de Araponga, região da Mata. É bastante recente a emergência étnica destes dois povos.
Na região metropolitana de Belo Horizonte vivem diversas famílias de grupos étnicos distintos, de Minas Gerais e de outros estados, sobretudo da Bahia. Há grupos familiares de aranãs, xakriabás, caxixós, pataxós e pataxós hã-hã-hãe, entre outros. Estes grupos migraram para o centro urbano em busca de uma qualidade de vida melhor, já que muitos perderam o território ao longo da história de ocupação das áreas indígenas no interior do país. Os grupos que vivem na cidade possuem direitos e devem se organizar para buscá-los e reivindicalos perante o Estado e a sociedade envolvente.
* Ana Paula Ferreira de Lima nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais. É formada em História pela PUC-MG, trabalha no CEDEFES – Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva – desde 2005, com projetos sociais em comunidades indígenas e quilombolas. Fonte: www.cedefes.org.br
Eram mais de cem os grupos indígenas que viviam em Minas Gerais. Ao longo dos anos, eles foram sendo dizimados pelo homem branco, que os escravizava, matava, ocupava suas terras e lhes transmitia suas doenças. Os Carijós, ou índios escravos, como eram chamados pelos colonizadores, foram pouco a pouco perdendo seu espaço. Com o tempo desapareceram os Puris do Sul de Minas, os Caiapós e os Bororós do oeste e muitos outros.
População quase em extinção, os índios do Estado de Minas Gerais estão reduzidos aos grupos existentes.
Esses grupos, que ainda sobrevivem nas reservas, continuam a praticar seus cultos e atividades, ainda preservam usos e costumes, mas são pobres e doentes, habitam choças, sofrem muita pressão de fazendeiros e recebem pouca assistência dos governos e da sociedade.
“Nós somos índios em qualquer lugar. Não importa onde estamos; não importa se somos reconhecidos… A gente se sente diferente dos outros. A maneira de ser da gente é diferente. Não sei, não sei se é… mas a gente sente assim. A gente precisa é estar junto.” (Dona Rosa Aranã, 07/07/01)
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