Sábado de Aleluia com Procissão das almas em Mariana
Esta é uma história repleta de mistérios, como o próprio nome confirma. Nos primeiros minutos do Sábado de Aleluia, ainda de madrugada, dezenas de moradores de Mariana mantêm uma tradição que se repete há, no mínimo, 35 anos, durante a Semana Santa: a Procissão das Almas, organizada pelo Movimento Renovador e pela Academia Marianense Infanto-Juvenil de Letras. Vestidos com longas túnicas brancas e munidos de velas e ossos confeccionados especialmente para a ocasião, eles representam almas que morreram sem se confessar, arrastando suas correntes pelas ruas em busca de misericórdia e chamando a atenção de curiosos, turistas e também da mídia. A base para esta representação são duas lendas que datam do período colonial, entre os séculos XVIII e XIX: a Procissão do Miserere e o Balaio das Penas.
Apesar de ser realizada em uma das datas mais importantes para o catolicismo, não há qualquer ligação entre a Procissão das Almas e a Igreja, como afirma uma das coordenadoras do evento, Hebe Rôla, professora emérita da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Trata-se de uma tradição folclórica. “Houve épocas, inclusive, conforme o padre, em que fomos combatidos e tivemos dificuldades. Não paramos, mas não éramos bem vistos aos olhos da Igreja. Agora isso não acontece mais. É a nossa identidade, a única hora em que o povo fala sem amarras, por isso, acho importante”.
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